sábado, 12 de abril de 2008

Ideias de ocasião...



























Nunca é demais ter sonhos.
Mas por vezes contamos os dias e vemos tais imagens
que se apresentam ao espírito durante o sono desaparecer, sucumbir na dura realidade.
Gostávamos de ser mil coisas, mas dessas mil coisas sabemos que de momento somos apenas quatro ou cinco.
Que temos pressa em ser mais do que quatro ou cinco é um facto, mas tudo a seu tempo.
Nada de urgência.
Desenhamos telas com imagens que brotam do nosso pensamento.
De as acharmos tão bonitas, tão perfeitas, deixamos de desenhar.
Ou não.
Tudo se resume a satisfação, ou tomada de consciência de que não podemos fazer melhor.
Sendo esta ultima ideia estúpida, porque devemos sempre querer mais.
Não esquecendo que o ser humano é insatisfeito por natureza, mesmo quando tem noção dos limites das suas capacidades.

Por vezes, projectamos saídas, mas encontramos caminhos ladeados de portas, de entradas.
Caímos no medo.
Nunca sabendo qual o caminho mais certo a tomar.
Quão certos nos achamos do que quer que seja?
Dá que pensar...
Achamos que estamos certos por necessidade, capricho, ou porque nada nos impede de achar que estamos certos?
Até que ponto é que levantamos a nossa mão e com os dedos nos cegamos a nos próprios?
A escolha de caminhos a tomar, destrói parte da convenção de que o nosso destino já se encontra traçado.
Acreditar num destino já escrito é não acreditar em nos mesmos, na nossa capacidade de escolha, e nas suas consequências.
Obedecer a tal ideia é absurdo.
Quem acredita num destino traçado fá- lo por preguiça.
Cada homem é criador do seu próprio destino, o homem e o seu destino
seguram-se um ao outro, o destino entra pela porta que nós mesmos abrimos, convidando-o a passar.
As decisões vendem se ao virar da esquina, ou somos interpelados pelo vendedor, ou caminhamos até ele quando queremos e podemos comprar.
O destino começa e termina na decisão.




sexta-feira, 11 de abril de 2008

...

























"As horas pareciam brinquedo nas mãos de uma criança.
Pião com pressa de girar.
Os rostos empalideciam brindando a algo novo, a ideias cuspidas de profetas.
A morte dos copos vazios, das garrafas violadas, do fastio pelo liquido, dominava o espaço.
Um, dois, três ou mais tropeços espíritos desenhando um horizonte.
As paredes, todos os objectos, gastavam se nos meus olhos...perdendo a cor.
Todos os vultos me pareciam distantes, porém tão certos da sua proximidade enquanto grupo.
Transmitiam...Alegria?

(...)

Defuntos é o que lhes chamo!
Vi as suas sepulturas erguerem se a minha frente,
Sem que as vissem.
Só eu.
Éramos todos defuntos com malícia mascarada de inocência!
Perfeitos pecados rasgados da bíblia,
terríveis diabretes vendendo doces envenenados.
Criaturas sem igual.
Morríamos e renascíamos como unidade, motivados pelo mesmo sonho, ligados pela mesma gargalhada, fazendo trapézio em gumes de faca.
Arrastando a mesma dor.
Agrilhoados a ela".

"Como que um prometeu agrilhoado, assistimos da ultima fila,
ao mundo que gira em redor".

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ás vezes olho nos olhos








Ás vezes olho nos olhos que olham os meus.

Fico me por eles,

Pela verdade que me transmitem.

Sem querer pressionar, sem querer aborrecer

a realidade em meu redor

que se torna alheia.

Tudo morre á minha volta,

Tudo se mexe sem eu ver.

O mundo arrasta a sua carcaça até ao sepulcro,
e deixa me ser:

Quem eu quero.

Quem eu sou.



Fecho os olhos…

Depreendo que não estou sozinho.

Tal é o ósculo, o tocar ao de leve,

Que não tenho receio de supor que fui abençoado,

Que deixei de ser o órfão de amores,

A quem nunca estenderam a mão.

Com vontade, confiança, emoção...


É como sangue o que me dá este alento!


Gira o mundo nas minhas costas devagar...

Não me interessa as voltas que ele dá,

O tempo que leva a dar sombra ao dia,

A pressa com que rouba á noite a sua magia,

Desde que eu tenha este espelho,

Este credível reflexo,

No reflexo do meu olhar.