terça-feira, 9 de dezembro de 2008

"É obra do destino"























Acho que por vezes nos preocupamos demasiado com o porvir...
Passamos tanto tempo a volta de descobrir razões para tudo e mais alguma coisa.
Há por vezes uma febre que nos da de querer ter pulso, rédeas em tudo aquilo que nos surge no caminho.
Não estaremos nós nesse preciso momento a perder a magia de nos entregarmos ao inóspito devir?
Damos antes o lugar a cálculos, a equações com raízes quadradas que nos deixam mais á vontade com o incógnito.
Para quê tanto calculo?
Na realidade acabamos por nos sentir ainda mais aflitos quando algo que projectamos não correu como queríamos não?
Não quero com isto passar um atestado do que quer que seja a quem o faz, o faz bem, e vive bem com isso, isto é, com o calculo.
Pelo contrario.
Pretendo antes pensar até que ponto é que devemos contar com o sucesso através de previsões ou antecipações.
Os gregos acreditavam no destino, e que nada os podia demover de o alcançar tal como estava escrito.
Normalmente olhamos para o destino, ou usamos a expressão:
"É obra do destino"
para tentar explicar o absurdo dos acontecimentos referentes a nossa existência.
É muito fácil por as culpas no destino quando algo não corre bem.
Mas normalmente quando o fazemos, acabamos sempre por atribuir ao destino o estatuto de divindade, de algo superior a nós que nos comanda a vida, e ao qual podemos condenar.
O destino é um eterno amigo da sorte e do azar.
Estes dois últimos nada mais fazem senão entrar e sair de cena na vida que segundo Shakespeare é um palco:
"A vida é um palco e todos os homens e mulheres meros actores.
Entram e saem de cena, e cada um representa muitos papéis no seu tempo".
Estranhas e múltiplas convicções á parte...
Já muitos foram aqueles que prestaram o seu tempo a escrever sobre, ou a ponderar acerca do destino.
Prefiro acreditar que o destino é algo suficientemente controlado por nós.
É óbvio que muitas coisas ao longo da nossa vida não serão facilmente evitáveis, embora que se possuirmos uma sensibilidade afinada, conseguiremos antecipar vários acontecimentos, atribuindo assim a nós mesmos a tarefa de isolar da trama do cosmos o fio da ordem.
Através desse mesmo fio, poderemos tomar as rédeas do mundo nas nossas mãos, e ditar os limites do nosso próprio destino.
Através do acto de decisão possuímos poder suficiente para isso, embora a fonte desse poder se encontre dependente da sabedoria e sempre limitado por esta.
O controlo está sempre na antecipação, e não no acaso.
O destino não é algo que se deve esperar, mas sim algo que se deve atingir.



"Devia-se nascer velho, começar pela sabedoria, para decidir o seu destino"

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