terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ângelus


Anjos.
Julgo ter sido despertado por um.
Quando tudo era quieto,
quando tudo era chuva no meu espírito.
Quando o tentei desenhar...
Já la não estava.
Desapareceu num ápice diante de mim.
Partiu sem dizer adeus.
Migrou para a face esquerda de uma nuvem,
disse me alguém no outro dia.

Por vezes ainda me aparece.
Ainda conversamos,
sobre isto e sobre aquilo...
Mas nunca se despede de mim.
Parte sempre sem um único adeus.



Confesso que quando olho para a realidade,
a tomo como demasiado dividida para que me possa oferecer refugio.
O meu refugio é um outro,
e vai para alem do real.
É apenas inconstante.
Não tem dono,
pertence ao mundo...























Salvador Dali -The Endless Enigma, 1938

domingo, 20 de janeiro de 2008

Esboços3























Como posso eu te dizer adeus a partir do nunca,
e tornar te anexo daquilo que sou?

Se em ti procuro espaço,
se em ti procuro um trapézio.
Deixa que seja eu a mostrar o mar e a maré.
Deixa que seja eu a criar uma nova fé.
Enquanto a vida dura.
Enquanto a vida se agita.
Como posso eu ser músculo,
sangue rubi,
chama que acaricia?
Ser a mão que deflagra em semelhante pele fria.
Como?


Quantas vezes mais serei eu sono?
Quantas vezes mais serei eu sede?
Quando não estás por cá...

sábado, 19 de janeiro de 2008

Esboços2
























Quem é este corpo camarada, que come, fuma e bebe?
Quem é este homem desnutrido de cor,
que no meu espelho se reflecte?
Quem é?
Reabro em mim memorias perdidas.
E é tanta a alienação...
E é tão forte a sensação,
de que sou patrão de caminhar sozinho,
de que sou chuva sem tempestade,
de que sou dor sem saudade.
Ergo cansado este objecto que no papel se consome.
Dá-se em mim todo o peso de ser eu só.
Escrevo.
As mãos escrevem.
Palavras vazias, vento a morder o papel.
Manejo o nada...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Esboços1


























"Não é querer debruçar me perante o que acho
Mas antes perante o que sinto
É querer deixar de lado todo este zelo
Toda a birra, toda a mania de persuasão
É querer chegar ao mais remoto infinito
De querer atear essa alma até á sua combustão
Não é querer vestir a pele de ovelha
É antes querer mostrar o orgulhoso lobo que sou
Não é querer amadurecer as ideias até me esquecer delas
É antes querer deixar o esquecimento bater nas janelas
Da desconfiança que em mim sempre singrou
Não, não quero sentir a necessidade de ter controlo
Quero antes matar esta sede
Esta paixão de conhecer
Sem casinos, sem F.B.I's, sem meditação

É querer achar que nunca estou certo..."

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008























Há malta por ai que me faz pensar...
Por vezes muito, mais do que devia.

Não sei se será bom ou mau, porque ainda não consegui entender minimamente a dimensão dessa capacidade.
Mas o que é certo é que me deixo levar, quase as cegas, apalpando tudo aquilo que acho peculiar, e de médio interesse.
Consigo ainda descobrir alguns pedacinhos de magia pelo caminho, o que me deixa deliciado, e cada vez mais curioso, incapaz de deixar que me passem ao lado.
Realmente não deixo de acreditar que aquilo que estou a passar é só mais uma tremenda fase de reflexão, um olhar para dentro de mim mesmo, pior do que qualquer outro anterior.
Pior no sentido em que sinto que cada vez mais tenho a necessidade de organizar aquilo que penso, senão dou o "tilt".
E quando surge alguém a puxar por mim nesse sentido, ainda mais interessante e difícil se tornam as coisas.
Mas sublinho o interessante.
Dou valor a desafios.
Gosto de ter a cabeça ocupada com alguma coisa.
Sem duvida que gosto.


"É olhando para o nosso interior que encontraremos a nossa verdadeira essência capaz de manifestar tudo o que realmente somos."

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Faiscas



















E que ninguém me diga que não há razoes para amar tanto o ser humano...
Há pessoas que simplesmente nos tiram do serio, que nos deixam deliciados, e nos põem no plano do:
"O.k...e agora? Fiquei sem jeito... Não mexas mais que não vale a pena...deixa assim".
E quando isso acontece?
Quando isso acontece dou comigo doido, a querer cada vez mais, e mais...
Até saciar uma vontade, uma obsessão que nunca termina, que nunca se completa.
Mas é tão bom sentir me ocupado...
Nem que seja com uma impertinencia excessiva como esta.
São pequenas faiscas estas situações com as quais lidamos esporadicamente na nossa vida.
A única coisa que as distingue é se fazem lume ou não, se incendeiam vidas , se aquecem peitos .
Tão simples quanto isso.
Cá para mim, há sempre dinamite no fim do rastilho ...





"O mais importante são as pessoas e as faíscas que saem delas quando se esbarram." , in "Mundo da Vida", Schutz.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

E que tal vestirem os agentes da ASAE assim:















Não?!
Olhem que a diferença não seria muita para aquilo que eram os agentes da pide, e além disso ficariam com mais estilo...
É que na realidade eu pergunto:
Quem serão estes agentes?
Será que tomam banho?
Será que lavam os dentes?
Será que também não fazem downloads ilegais na internet?
Será que nunca comeram uma única bola de Berlim vendida nas praias de Albufeira em toda a sua vida, antes de serem proibidas de ser vendidas?
Será que nunca compraram material roubado na feira?
Será que algum destes agentes é meu vizinho/a?
Será que algum deles é fumador?
E em relação a esta ultima pergunta, estaremos apenas a copiar mais uma vez o cenário lá fora, ou estaremos tão nostálgicos que temos vontade de voltar a viver em ditadura?
Ninguém me tira da cabeça que se estamos a começar com este tipo de paneleirices, não demora muito, e sem reparar, estamos em completa ditadura, sendo a ditadura a pintura e a Democracia a sua moldura, ou algo parecido.
Eles são os bares a serem fechados, os fumadores a serem discriminados, os vendedores de feira a serem multados, isto começa assim, e daqui por uns anos ainda vamos ter que sair a rua de novo para fazer a revolução...
O.k, confesso que estou a complicar demasiado a "coisa", e que ditadura ainda é uma palavra muito forte na nossa cultura e não deve ser utilizada tão banalmente, mas assusta-me pensar no que virá a seguir, esta malta da ASAE não anda com meias medidas, e a qualquer momento podem se lembrar de proibir outra coisa qualquer.
Até lá olha...lá vou eu fumando os meus cigarrinhos a porta dos estabelecimentos, não vá eu ser multado por estar a prejudicar a saúde publica.
Adieu.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Ou demasiado ressacado ou terrivelmente aluado



















Qual é o meu espanto quando descubro que afinal até consigo "pontuar", que ainda não perdi algumas qualidades que julgava já perdidas.
O meu ego tem andado aos trambolhões...mesmo...
Mas aparentemente tenho de novo pela frente mais uma fase promissora.
Ao que parece, o meu rico ego está de novo erecto e de boa saúde!
Há mensagens subliminares nas entrelinhas de discussões...
Venha a mim 2008!