quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Untitled (Dreams on the Beach), 1934

Salvador Dali






Por vezes deixamos escapar de debaixo das saias alguns dos nossos piores defeitos.
O controlo ás vezes não é suficiente, e fala mais alto a imoralidade, a idiotice, a loucura, sem fundamento, sem necessidade, deixando nos a pensar sobretudo no que sentimos.
Não temos qualquer duvida do que possamos sentir a partir do dia em que deixamos de nos armar em psicólogos de nos mesmos e deixamos avançar os sentimentos, sabendo que estes nos fazem sentir bem, sentir que realmente estamos vivos.
A razão não tem lugar, se o tiver nunca saberemos ou teremos tempo para perceber o que estamos a sentir, simplesmente estaremos tão ocupados a tentar saber o porquê de estarmos assim, que acabaremos inevitávelmente por não prestar atenção ao que sentimos na realidade.
Julgar, compreender sentimentos, não é certamente o mais indicado.
Imaginar situações, decidir passos a tomar é ligeiramente diferente, é uma parte de nós que tende a querer trabalhar sozinha, mas que tem como principal alicerce o que sentimos, trabalha a maior parte das vezes em sua função ou limitada por ela.
O que sentimos acaba por orientar os juízos de valor e impedir o exercício de uma lógica imparcial.
Há acontecimentos que nos fazem querer sonhar, largar toda a insegurança, e dar a mão apenas ao que sentimos.
Á medida que esse sonho se desenvolve, a ideia de queda vai surgindo, a insegurança crescendo. Mas será que não conseguimos ser superiores a isso?
Naturalmente não, a não ser que confiemos demasiado nas nossas capacidades e abdiquemos de tal receio.
Mas, acredito no facto de que um sonho as vezes pode ser muito mais real do que a propria realidade em si mesma.
O que nos faz duvidar da realidade dos sonhos?
Será a realidade dos sonhos menos real do que a realidade em que vivemos?
Não será ela uma experiencia também, e logo um tipo de conhecimento?
Ou será que os sonhos são mera ilusão, e tudo aquilo que conhecemos e pensamos não é mais verdadeiro do que as ilusões dos nossos sonhos?
A noção de que sentimos algo parece me muito mais firme, forte, do que qualquer destas ideias.
Mais firme, mais real porque nos doi sentir.
Culpo algumas circunstancias da minha vida que me fazem agora abdicar de as vezes sentir, mas não o faço por querer, faço o como resposta a uma ameaça, não suporto me sentir inseguro, emb ora tenha a noção que essa insegurança actualmente não é mais senão o resultado daquilo que ando a sentir, logo não terei melhor prova de que realmente sinto algo.
Algo que é tão belo, mágico por vezes, apaziguador, que me faz sentir sem jeito, ridiculo, maravilhado, curioso, feliz, triste...
Pergunto-me que nome terá um sentimento assim...
Mas será assim tão importante saber o seu nome?
Ou antes senti-lo?







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