terça-feira, 1 de julho de 2008
Murmúrio suave
Vem
Desce lá as escadas que te trazem até mim
Dá olhos a este sonho que carrego no meu seio
Vamos algures, e tomamos um pouco do néctar,
do doce vinho que cai do céu sobre a nossas cabeças
Vamos
Vamos dar á vida um novo alento
Vamos dar á vida um novo lápis de cor
Fazer uma descrição minuciosa e fiel do redor
Se o tempo nos passa feito ave de rapina ou condor
Vamos então bajular a cimeira que é o amor
Vamos festejar com a saudade esse Carnaval
Enaltecer essa orgia sem tapar os olhos ao que existe á sua volta
Criaremos novos mundos
Vamos fazer desta vida a nossa revolta
Vamos dar dentes aos nossos sonhos
Para que mordam, esmaguem tudo ao seu passar
Não sabemos se o tempo se demora
A não ser quando este nos devora:
Doem os ossos
Rasga-se a carne
Rangem os dentes uns nos outros
Abre-se o ventre á agridoce condolência
Fica a morte interior entregue ás nossas fachadas corpóreas
E o eterno pesar entregue aos nossos espíritos
Rezamos a uma qualquer entidade pela saúde dos nossos suspiros
Esperamos que o tempo passe com urgência
Para assim darmos lugar a mais um declive de apaixonada inocência
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