sexta-feira, 3 de julho de 2009

Estudos: Personalidades e momentos.


















Queres-me?
Aqui me tens.
Disse-te eu como quem se encontra distante do flagelo que nunca antes poderia descortinar, senão agora.
Já ecoava a noite entre castos lençóis, agora mordidos, agora rasgados, por corpos bem feitos de nudez.
Que mais podia eu querer, senão roubar a tua atenção para mim?
Concentrar toda a tua atenção apenas num ponto, numa alínea, em que inocentemente te pudesse dizer, o quanto faz sentido a tua existência em mim.
Disse-o, disse-o a bom som e firme voz.
Mas nada fez levantar a poeira que nos circundava, a pesada consternação que por vezes sinto em ti, que por vezes leio em ti...
Disseste-me:

(...)

Nada me disseste tu!
Nada em ti se moveu!
Não foi o ar que se quebrou com tal silencio, não foram as nuvens que se pintaram de escuro cinzento, não foi o tempo que parou, mas sim eu.
Fui eu quem sucumbiu à ausência de graça, à ausência de texto, à pesada gravidade que pairava no teu quarto e que me esmagava contra o chão.
Não quero que me idolatres, não quero que faças Carnaval quando não vejo em ti multidão, pensei eu...
Simplesmente quero que me desejes, que mostres que as palavras podem ganhar sentido e dimensão, que me queres e que o digas, porque dizer não é exigir.
Senti-me pequeno, como alias sempre me sinto, e mais pequeno ainda comparado a minha reflexão que parecia não mais terminar.
Tortura.
Uma ode aos portões do inferno.
Por vezes sinto-me um estorvo, outras vezes uma borbulha que não paras de coçar.
Quero confiar no teu gesto, mas mais ainda no valor que reconheces em mim.
Não quero mais me sentir um estranho.
Sabes que podes largar muito mais de ti nas minhas mãos, do que escavar cegos buracos no silencio.
Confia, simplesmente confia.
Fumei um cigarro.
Desliguei o candeeiro.
Abracei o teu abraço.
Dei lugar ao leve sono.
E tudo em redor deu lugar ao silencio.
Ao meu silencio.
Ao "nosso" silencio.

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