segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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Gostava de denunciar este abuso. Este meu abuso de querer sangrar já sem sangue o que o barulho da chuva desta noite me empresta como inspiração para um qualquer manuscrito.
De facto podia e devia me resignar a este e qualquer momento que tem por força me querer arrancar da tenebrosa e intrincada caverna em que vivo.
O monstro que é a vida, venceu-me mais uma vez...
O descontentamento que encontro em tudo, encontrou-me a mim numa esquina de um projecto harmonioso, em que com ele a vida seria tão doce quanto o mel. E Logo aí nos fizemos amigos, eu e o descontentamento...
O dia-a-dia deixa-me aflito, sinto-me a naufragar em estado de coisa incerta, desconfiado e assustado com a possibilidade de assistir aos "dias gordos", gordos de miséria.
Levo a mão ao bolso, e mais farto é o cotão. O maldito cotão que me assola os dias.
Faço de cada pequena moeda existente e presente na minha mão um talismã, um fio de luz que me garante uma ou outra saída da avassaladora caverna em que vivo.
Melhores dias virão, acredito. Antes destes é preciso tomar os "dias gordos" em jeito de cicuta e morrer se for preciso. Nada se faz sem sacrifício... O que se faz sem sacrifício não tem o mesmo mérito, não tem ferida, não tem sangue.
Creio então que já morri, que já sangrei... Só me falta ressuscitar...






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